Mesada de R$ 70 mil a conselheiros foi acertada na casa de Picciani, diz ex-presidente do TCE

Presidente afastado da Alerj teria colaborado para o acordo do pagamento de propina, de acordo com Jonas Lopes de Carvalho Júnior.

Fonte:G1.com

📸Jonas Lopes, à esquerda, chega à Justiça Federal acompanhado pelo advogado (Foto: Reprodução/ TV Globo)


O ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Jonas Lopes de Carvalho Júnior, presta depoimento nesta quarta-feira (21) à Justiça Federal do Rio sobre a Operação Ponto Final, desdobramento da Lava Jato.Ele confirmou que cinco de seis conselheiros da antiga composição da Corte receberam "mesadas" da Fetranspor para fazer "vista grossa" nos processos relativos às empresas de ônibus.Segundo Jonas Lopes, o acordo foi feito em uma reunião na casa de Jorge Picciani (PMDB), então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), afastado depois que foi preso.
           📸 Jorge Picciani 
O convite teria sido feito depois da Corte determinar que a Fetranspor devolvesse R$ 90 milhões retidos de créditos expirados do Bilhete Único. O MPF suspeita que Picciani fosse beneficiário deste crédito.
"Passado um tempo, recebo ligação do presidente da Assembleia, Jorge Picciani me convidando para uma reunião na casa dele. Me informou que estaria na reunião o José Lavouras (ex-conselheiro da Fetranspor)", destacou Jonas Lopes.

"Eles ponderaram (sobre o pedido do TCE), e eu disse que não voltaria atrás na decisão. Ele, Lavouras, fez oferecimento com ajuda do Picciani, numa conversa a três, de pagar um valor ao Tribunal de Contas para que tivesse 'boa vontade' com os processos do setor de transportes. Falei que o acordo não implicava voltar atrás em alguma decisão", afirmou.

O presidente do TCE disse que a mesada acertada foi de R$ 70 mil a seis conselheiros, com exceção de uma. Os valores, ainda de acordo com ele, eram operados por Lélis Teixeira e pagos ao filho de Jonas, Jonas Lopes Carvalho Neto.
O esquema da Ponto Final, segundo o Ministério Público Federal (MPF), é um dos mais antigos no submundo da corrupção do Estado do RJ, passando por vários governos. Até R$ 500 milhões teriam sido desviados para os bolsos de empresários, agentes públicos, políticos e órgãos de fiscalização.
Jonas Lopes foi afastado do cargo depois da Operação Quinto do Ouro, que revelou recebimento de propina por membros do TCE. Na sequência, o ex-presidente da Corte pediu aposentadoria e definitivamente foi afastado, recebendo o salário normalmente.
Ele disse que, em 2013, uma auditoria dos transportes constatou "diversas irregularidades" nos modais e que conselheiros do órgão sugeriram que ele procurasse dirigentes da Fetranspor para pedir propina. "Em busca de vantagem indevida para que a atuação do tribunal fosse minimizada".
O ex-presidente do TCE afirmou ainda que, em 2015, foi chamado para uma reunião com o governador Luiz Fernando Pezão, o então secretário de transportes e atual deputado estadual Carlos Roberto Osório (antes no PMDB, hoje no PSDB) e o então procurador Leonardo Espíndola. O tema teria sido o arquivamento da investigação do TCE sobre os créditos expirados do Bilhete Único.

"Já fui prevenido com o que pudesse me ser solicitado. E aí o governador ponderou que (o processo) estava causando transtorno muito grande", relatou. Ainda no depoimento, afirmou que 'depois de muita pressão' propôs suspender o processo por 90 dias. Depois afirmou que Osório prometeu recorrer à Justiça e obteve as informações da Fetranspor", explicou.

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